Tuesday, March 12, 2013

Depois que eu comecei a amar um sorriso

Foi em 2005 quando eu me apaixonei pelo meu primeiro sorriso. Ele era largo e tinha os dois dentes da frente um pouquinho separados. Era difícil de arrancar, mas quando saía, fazia valer todo o esforço. Não demorou muito até ele abrir a porta de tudo que eu amo e deixar ela aberta. Passei então a amar admirar um sorriso. 
Tive mais depois desse: alguns foram muito sinceros, e outros nem tão bem cuidados. Tive sorrisos de dente de leite, com menos dentes do que gostaria e uns claramente forçados.
Conheci sorrisos por piadas, por fotos, por pequenas gentilezas e por situações inesperadas, tipo um "bom dia" no elevador ou um "obrigada" no meio do trânsito. Descobri que acreditar em um sorriso de tristeza vale mais a pena do que um sorriso de festa, e que não existe nada de errado em um sorriso com segundas intenções. Vi sorrisos que estavam quebrados e outros que pareciam milimetricamente desenhados.
Morri de amores por um sorriso torto e por outro de canto de boca, aqueles de esboço, que você sabe que não vai abrir mais por puro gracejo. Já me encantei por um sorriso de aparelho, por um outro tímido, e chorei quando perdi um sorriso de dentes grandes.
Aprendi que saber ler um sorriso é tão importante quanto saber ler um livro. E que um sorriso é tão bonito por si só, que ninguém precisa falar nada pra receber outro de volta.